segunda-feira, 23 de julho de 2012

PENSEM...REPENSEM...






Embora este texto seja um pouco longo, resolvi publicar neste blog; pois reflete o que penso e não saberia colocar tão bem as palavras do autor.  Penso, que com a educação, leitura, conhecimento; nos tornaremos pessoas conscientes de nossas escolhas!
Ninguém tem o poder de nos amordaçar, de nos calar... temos obrigação moral e cívica de discordarmos de notícias prontas.. (a mídia de maneira geral  publica e mostra nos jornais da TV verdades distorcidas, com objetivo específico naquele momento);  merecemos e exigimos respeito, somos cidadãos pensantes!

Pesquisando sobre o assunto, deparei com O Planeta Educação, portal educacional da empresa  Vitae Futurekids que tem como objetivo disseminar o Uso Pedagógico e Administrativo das Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação nas escolas públicas brasileiras de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.



Política e Educação
A escola tem que politizar seus estudantes


João Luís de Almeida Machado Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).



Em meu governo a prioridade é a educação. Para que possamos crescer temos que investir em educação. Os países que mais evoluíram nas últimas décadas conseguiram isso por investirem na educação. Revolucionaremos o sistema educacional com mudanças grandiosas. Teremos a melhor educação do país e, até mesmo do mundo, em meu futuro governo...

Praticamente todos os políticos assumem a educação como prioridade em seus discursos de campanha. Fala-se sempre que uma maior quantidade de verbas será destinada à educação em mandatos futuros. Não há uma pessoa sensata (mesmo entre os políticos, se bem que é um tanto quanto difícil imaginar sensatez no reino dos insensatos...) que seja capaz de dissociar a idéia de progresso de um país de consistentes investimentos e de projetos maduros e sérios para a educação.

Há, no entanto, uma grandiosa diferença entre o que é apregoado na propaganda política gratuita na televisão e nos comícios em relação ao que vemos em nossas escolas e redes públicas de ensino. Não se pode negar que algumas mudanças aconteceram, mas será que foram realmente efetivas para transformar o perfil do estudante que estamos formando?

A adoção de novas tecnologias, a modernização do discurso, o investimento em cursos de aperfeiçoamento e atualização do magistério, as provas nacionais que avaliam o desempenho do ensino em seus vários níveis, o programa universidade para todos e tantos outros projetos desenvolvidos pelo atual governo e pela gestão anterior efetivaram as transformações que levaram ao surgimento de um estudante que lê, escreve, compreende e articula-se melhor?

Ou será que esse propósito não é a prioridade da educação brasileira? Para que tantos computadores, exames, bolsas de estudo, cursos para os professores e até mesmo escolas recém-construídas se os nossos alunos continuam escrevendo errado, apresentando dificuldades na leitura, interpretando mal, tendo resultados pífios em matemática (ciências, história, geografia,...) ou, ainda pior, sendo incapazes de entender a realidade em que se inserem a ponto de não compreender o que significam escândalos como o mensalão ou a máfia dos sanguessugas?

A perpetuação de um sistema educacional que não ensina as nossas crianças a ler, escrever, interpretar e articular suas idéias é a chaga que propaga em nosso país males como a corrupção, a violência e a miséria.

É corrente em algumas redes de ensino a idéia de que os professores fingem que ensinam, os alunos simulam a aprendizagem e os resultados falseiam a realidade. A conseqüência mais evidente desse autêntico drama brasileiro é que os votos da população menos (ou não) esclarecida acabam dando sobrevida a políticos que não têm a mínima intenção de aperfeiçoar ou melhorar a educação ou qualquer outra instância da realidade nacional.

Quando ouvimos uma pessoa dizer que um determinado político “rouba, mas faz” - temos que nos indignar e articular respostas e reflexões que ajudem a pessoa a mudar de opinião. Quando ficamos sabendo que alguém vai trocar seu voto por algum favor ou benefício material, temos que nos mobilizar para que isso não aconteça...

E não podemos simplesmente esperar que o voto, por si só, seja capaz de promover as alterações que desejamos para o país ou para a educação. Participamos da democracia quando votamos e, principalmente, a partir do momento que fiscalizamos e cobramos as autoridades quanto aos projetos, idéias e necessidades de nossas comunidades, cidades, estados e país.

A educação é momento primordial de esclarecimento não apenas dos conhecimentos previstos no currículo oficial através de cada disciplina. Os anos de chumbo da ditadura ajudaram a silenciar nossa consciência crítica, a televisão que esvazia os nossos discursos e tolhe o diálogo nos imobiliza e isola, as mentiras e omissões dos políticos se repetem e nos insensibilizam de tão freqüentes e impunes.


                                               Temos que educar as crianças para o criticismo até mesmo em sua 
                                               relação com a televisão que tantas vezes as imobilizam e isolam...

Se pensamos a educação como o instrumento da mudança, da renovação e da ética, na realidade temos um sistema educacional que repete, promove e valida o jogo político em que estamos inseridos. Os professores, teoricamente os maiores responsáveis pela configuração de uma realidade cidadã e digna, sucumbem perante as atribuições do cotidiano. Não há tempo para refletir, discutir ou debater a realidade do país. Temos provas a corrigir, aulas para preparar, diários que devem ser atualizados, reuniões,...

A tarefa de educar politicamente nossas novas gerações não é e, em curto prazo, não parece ser um objetivo das classes dirigentes ou mesmo dos próprios educadores. Desprovidos de poder de crítica como poderemos distinguir o joio do trigo e definir os rumos de uma cidadania ética e digna para o nosso país?

Nem mesmo os próprios professores estão sendo preparados para atuar na sociedade de forma questionadora, incisiva e participativa como deveriam. As universidades que preparam as novas gerações de educadores do Brasil estão preocupadas apenas em “conteudizar” os seus formandos e torná-los aptos para entrar no mercado de trabalho para que demonstrem suas competências e habilidades...

Somos devorados pela dinâmica do sistema. A opressão se abate sobre nós e nem nos damos conta. Caminhamos, todos os dias, em direção ao abatedouro, de forma silenciosa, conformados com o que acontece ao nosso redor, não querendo causar polêmica ou parecer contrariar a ordem e o discurso uníssono que pede a todo o momento que busquemos consensos...

A democracia pressupõe o embate de idéias. Num sistema político como o nosso devem existir opiniões que realmente se contraponham e que concedam alternativas e respostas múltiplas para as várias e importantes questões nacionais. Quando políticos e candidatos falam basicamente a mesma coisa passamos a não ter alternativas que viabilizem esse amplo debate e que, como conseqüência disso, nos permitam pensar e repensar os rumos de nossa nação.
                                     O exercício da troca de idéias, da percepção da diferença de pensamentos
                                     e da pluralidade 
de alternativas para a solução de problemas
                                     deve começar desde cedo em nossas escolas.


A educação deve ser o instrumento que realmente nos permita pensar a realidade nacional e nos posicionar quanto a ela. Mas, o que podemos esperar de nossa educação se nem mesmo seus artífices, os professores, demonstram a articulação, a clareza, o senso crítico e a propensão ao debate que deles se espera?

Nossos estudantes aprendem muito mais a partir de nossas palavras se elas são acompanhadas de atitudes que comprovem a necessária coerência entre teoria e prática que tanto advogamos. Não adianta nada dizer que temos que empreender mudanças e repensar a nação se nossas atitudes não demonstram essa busca ou crença. Se você quer realmente mudar o país não apenas diga ou pense isso, precisamos de mais ação e de menos discurso...

Somos seres políticos como preconizaram os gregos há tanto tempo. Mesmo quando agimos apoliticamente estamos promovendo uma prática que tem conseqüências para todos. Se votamos nulo ou em branco estamos propiciando a vitória daqueles que lideram as corridas eleitorais (pessoas em relação as quais, várias vezes, temos muitas reservas e que acabaram motivando essa nossa escolha ao votarmos).

Se o nosso voto é “de protesto”, como dizem muitos hoje em dia ao escolher um candidato que não tem nenhuma chance de vencer ou que folcloricamente vende sua imagem através da propaganda política obrigatória no rádio ou na televisão, também estamos beneficiando aos primeiros colocados nas pesquisas que por nós são rejeitados...

Se votamos nos primeiros colocados nas pesquisas para “não perder o voto” como pensam tantos outros, sem analisar suas propostas, pensar a história de vida desses candidatos ou acompanhar sua trajetória política, estamos condenando o país a continuar pagando caro por nossos erros e, ao mesmo tempo, legamos as futuras gerações todos os problemas que persistem entre nós há tanto tempo...

A educação tem que assumir-se política. Tanto no que se refere aos professores, que não podem silenciar-se e eximir-se quanto a seus posicionamentos e idéias (sem que tentem doutrinar seus alunos e permitindo a eles conhecer e pensar variadas alternativas e proposições políticas), quanto através de seu currículo, que preveja a politização dos estudantes nas disciplinas e aulas...


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