quarta-feira, 6 de junho de 2012

A "MASSA" SEM IDENTIDADE APENAS SOBREVIVE, O "CIDADÃO" FAZ A ESCOLHA PELA VIDA

Votar é para quem fez a escolha pela vida

Enviado por Elton Simões - para o blog do Noblat


A gente sempre consegue planejar, mas raramente consegue prever. Do ponto de vista emocional, planejar traz conforto, segurança. Do ponto de vista prático planejar nos permite saber onde e como as coisas deram certo, ou errado.

De uma maneira ou de outra, acho que o ser humano é incapaz de viver sem ter a ilusão de que ele controla, ou pelo menos influência, seu futuro.

Talvez para manter essa ilusão, desenvolvemos hábitos e rituais aos quais nos devotamos periodicamente. Hábitos têm caráter prático. Dão-nos previsibilidade. Evitam que a vida se passe em meio a um caos aparente. Ajudam todos os aspectos da vida social e prática.

É por hábito que dizemos bom dia; escovamos os dentes; acordamos na mesma hora; lemos o mesmo jornal; assistimos a um programa na televisão. Os hábitos são aquela força invisível que nos compele a fazer algo regularmente. Sem pensar. Sem refletir. Mas sempre tendo um objetivo prático como objetivo.

São ações repetidas desprovidas de significado.

Rituais, embora também repetidos regularmente, são diferentes de hábitos. Rituais exigem crença, emoção e fé. São os rituais da vida que conferem significado a ela. Eles vestem as ações com o manto das ideias, sentimentos e propósitos.

É pela busca de significado que rezamos; torcemos pelo clube do coração; comemoramos aniversário, natal e ano novo; almoçamos com a família. É essa coleção de pequenas e grandes ações, cada uma com significado diferente e pessoal, que emprestam sentido à existência. Rituais que nos fazem humanos.

Nada mais triste do que a transformação de ritual em hábito. Quando viver se torna a consequência de ações rotineiras que se repetem mesmo depois terem perdido o sentido. Neste momento, viver e sobreviver se tornam sinônimos.

Na democracia, a eleição deve sempre ser um ritual.

Quando a eleição é um ritual, votar é um exercício de liberdade. É a expressão dos desejos e anseios da sociedade. É a possibilidade e a responsabilidade de escolher e influenciar o futuro e se tornar parte das soluções ou dos problemas.

Entretanto, quando a democracia não funciona, eleições se tornam um hábito desprovido de significado. A democracia fica esvaziada de sentido. Eleições viram uma sucessão de gestos e palavras vazias periodicamente repetidas. Apenas um passo fútil, sem direção e sem sentido. Votar vira um fetiche.


Democracia é para aqueles que buscam sentido em suas ações. Eleição é ritual. Votar é para quem fez a escolha pela vida e não somente pela sobrevivência.


Elton Simões mora no Canadá há 2 anos. Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FGV); MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (University of Victoria).

Nenhum comentário:

Postar um comentário