quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O BRASIL QUE NÃO SE ENXERGA



Eu sempre digo aos amigos, aqueles que costumam ficar deslumbrados com discurso fácil, que o pior dano contra a população de um país não é necessariamente a incompetência nem a corrupção, mas, sobretudo, a destruição dos valores da família e da sociedade. E o mais grave é o mau exemplo, como também a péssima influência dos poderosos no comportamento das pessoas, especialmente os que contam com os aplausos até dos organismos que têm a obrigação de cuidar para que isso não aconteça.

Este blog tem como propósito trocar ideias e agregar pessoas, geralmente focando em conteúdos positivos. Por esse motivo, peço licença para utilizar informações e imagens que destoam do que tem sido apresentado aqui.

No Brasil há cerca de 192 milhões de habitantes, segundo o CENSO do IBGE. 
Entre 0,6% à 1% são população de rua.
É uma variação que calcula novos moradores de rua e os que deixam de morar na rua. Em números, há até 1,8 milhões de moradores de rua em todo o território brasileiro.
O alcoolismo e as drogas são as razões que levam a maioria dessas pessoas a morar na rua e isso fica evidente nas imagens dos "moradores" das cracolândias que se formam em todo o país. 


Programas de transferência de renda lançados há mais de uma década criaram condições para amenizar esse quadro. Mas, desde então, nada tem sido feito além de um encontro no final de ano, quando há um espetáculo de exploração da miséria, muito oba-oba e nenhuma ação que retire essas pessoas da condição de escória da sociedade.

  
O que temos, na verdade, são castas que nem constam nos índices das pesquisas divulgadas nos noticiários, como acontece com a pauta ufanista do pleno emprego. Questionei alguns economistas pelo twitter a esse respeito e a única resposta que obtive foi a de que "aqueles que não procuram emprego não são desempregados". A que ponto chega a mediocridade em nosso país com esse tipo de análise!

A propaganda vende a ideia de que o Brasil está "bombando" e ignora o sofrimento das pessoas. O que importa à elite no poder são os números do mercado financeiro. Esse, porém, não é o retrato da realidade que vemos no desespero das famílias endividadas, nas filas dos hospitais, nas ruas, principalmente nas cracolândias onde se encontram seres humanos que já perderam a identidade, o caráter e a alma.
Em algumas localidades, as autoridades buscam medidas que nem sempre funcionam porque há quem recrimine a interferência do poder público na vida dessas pessoas. São ONGs e partidos políticos que defendem o que chamam de "liberdade" daqueles que são escravos do vício.

Eu pergunto, que liberdade tem um dependente de drogas?
Que capacidade de escolha tem alguém cuja razão já foi destruída?
A princípio é, sim, uma questão de escolha. A questão é saber quanta “dor e sofrimento” o seu prazer suicida pode provocar a terceiros, incluindo seus familiares e suas possíveis vítimas.
Que culpa tem quem resistiu ou optou por outro caminho mais saudável e realmente livre?  


Os ocupantes das cracolândias são tratados como intocáveis e muito barulho ainda vai atrapalhar a atuação das autoridades e de algumas instituições que tentam resgatar aqueles que aceitam ajuda. 
Entretanto, isso tudo pode mudar se enxergarmos nessas criaturas "seres humanos", não apenas atração para um espetáculo que mistura o exibicionismo mórbido de quem louva a miséria com a vaidade de quem se considera "proprietário" do destino dessas pessoas, mas isso exige um trabalho que ultrapassa a indiferença para com a vida degradante dos que vivem à margem da sociedade. 


O acolhimento é o primeiro passo (e ninguém tem o direito de proibir) em direção à inclusão e ao resgate da auto-estima, oferecendo oportunidades que possam romper com o perverso ciclo vicioso do assistencialismo.

5 comentários:

  1. Oi Rose,
    Infelizmente, qdo se encontra um governo ou associações sérias que querem ajudar, os senhores dos destinos alheios se acham no direito de interferir no direito à vida do próximo decadente.
    Conclui-se que querem que esses miseráveis morram mesmo para limpar a sociedade.
    Vivemos numa época de muita hipocrisia com esse famigerado "politicamente correto"que, nada mais é que a implantação da unanimidade burra.

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  2. Agradeço sua presença, amiga Edna, o solzinho que clareia nossas ideias. Eu não tinha pensado nisso, um bárbaro processo de higienização com a auto-destruição desses seres tão frágeis.
    Sempre questionei as razões políticas, os interesses de se auto-proclamarem os únicos que realmente se preocupam com os pobres, mas começo a acreditar que você tem razão.

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  3. Rose. Tema delicado que demanda uma boa "discussão". Minha opinião bem resumida.
    DROGADOS: VÍTIMA dos traficantes e RÉU da sociedade já que transgride as Leis no que se refere ao uso das drogas e na obtenção de dinheiro (através de furtos e roubos até latrocínios)para manter seu vício.
    GOVERNOS EXECUTIVOS (nas 3 esferas): VÍTIMA das LEIS ARCAICAS cheias de buracos e benefícios para quem transgride e RÉU da sociedade por não investir no tripé básico da mesma: Educação, Saúde e Segurança.
    LEGISLATIVO: RÉU da sociedade por só legislar em causa própria pouco se importando com nossos Códigos Civil e Penal que são de 1920 (ou 1930 não lembro bem) que beneficiam TODOS os criminosos (incluo aí tanto traficante como drogado e principalmente os que estão no poder).
    Para fazermos a "higienização" necessária neste país, seria necessário novo golpe militar! Com certeza essa corja que está no poder perderia todas as benesses.

    Adorei o tema. Bjs

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  4. Poucas instituições conseguem ser merecedoras da confiança da população e realmente as Forças Armadas estão no topo no quesito credibilidade.
    O ideal seria ter uma população bem informada e consciente de que nossas mazelas são resultado de nossos erros, principalmente do voto equivocado que contribui para eleger os piores quadros de nossa política.

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  5. André é brilhante seu pensamento teórico.

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