sábado, 26 de maio de 2012

NÃO É MINHA CULPA, NÃO É MEU PROBLEMA.



Uma das respostas mais convenientes para a omissão diante do mal, geralmente pronunciada com incontida satisfação com a própria argúcia, é : NÃO É MINHA CULPA, NÃO É MEU PROBLEMA.

Aqueles que acham este raciocínio uma fortaleza de lógica e um respeitabilíssimo princípio moral parecem (seja genuína ou hipocritamente) não perceber quão ridiculamente mal disfarçada esta é, despida de sofismas e maquiagens, simplesmente uma afirmação de que NÃO ME AFETA, NÃO É MEU PROBLEMA.

Por esse raciocínio, se você está passeando sozinho na praia e então observa um bebê abandonado na areia, você pode perfeitamente pensar “eu não causei isso, eu não tenho nada a ver com isso, vou continuar caminhando, não é minha culpa, não é meu problema”.
(...)

Ou você pode escolher fazer alguma coisa sobre o assunto.

Percebam, escolher não fazer nada é também uma escolha, é também uma ação, é também uma iniciativa com significado ético. Mesmo que você possa argumentar que não foi o causador original de um certo resultado, e que talvez nem sequer o desejasse, isentar-se diante da injustiça, da maldade, do que você sabe que está errado e incorreto, calar-se diante da mentira, omitir-se diante da opressão, assumir calado seu papel no que você sabe que é uma farsa e uma impostura, tudo isso é sim transbordante e pleno de implicações éticas.
(...)


Se você acha realmente que não ter causado a situação o isenta de qualquer responsabilidade ética, então você perdeu completamente o ponto e o espírito do que significa ética.
(...)

Note, não estou dizendo aqui que devemos ser todos mártires no sentido de colocar o valor do bem estar dos outros acima do nosso e nos autodestrurimos no altar da “etica”... Mas existe uma diferença enorme, gigantesca entre eu TAMBÉM considerar o meu bem estar como importante e eu considerar APENAS o meu bem estar como importante. É preciso buscar um equilíbrio aí.

Mas se ao invés disso você considera o seu bem estar tão mais acachapantemente valioso do que o de todos mais que um pequeno e fútil benefício para si mesmo valha a extrema miséria e infelicidade alheia e você está perfeitamente feliz e satisfeito com isso, então meus parabéns, você é um sociopata.
(continua)

Por Sergio de Biasi
Íntegra no blog das PODEROSAS

Tudo está interligado, portanto,
o problema é NOSSO!!!!

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