quarta-feira, 4 de setembro de 2013

SE FOSSEM MEUS FILHOS







Se fossem meus filhos e tivesse que aturar uma enxurrada de perguntas e interrogações, não me importaria. Conversaria sobre as coisas da vida, contaria estórias, diria tudo o que quisessem saber, mas teria a humildade de admitir qualquer dificuldade quando não soubesse responder.

Se fossem meus filhos, levaria ao parque, ao circo, à praia. Compraria biscoito, bala, sorvete. Iríamos passear quando tivéssemos vontade, aproveitar os momentos de folga. Mas se batesse a preguiça, ficaríamos em casa assistindo a um filme e comendo pipoca.

Se fossem meus filhos, jamais aceitaria que se tornassem orgulhosos e quisessem ser melhor que os outros. Por outro lado, porém, mostraria também que ninguém é melhor que eles. E que não precisariam se humilhar nem fazer o que os outros ordenam para se sentirem aceitos em um grupo popular, na escola ou na vizinhança. Os melhores amigos são aqueles com os quais temos afinidade ou que respeitam as diferenças, não os que nos forçam a mudar o nosso jeito de ser.

Se fossem meus filhos e percebesse o olhar triste, faria peripécias para tentar alegrar seus dias.
Mas para algumas pessoas, aceitar orientação, dedicação e amor incondicional é, muitas vezes, mais difícil do que concedê-los.
(Observem no meio de tantos sorrisos, há sempre alguém com semblante de dor. Bastou um tropeção de uma pessoa estabanada, eis que surge o sorriso mais lindo de todos - comparem as fotos)

Se fossem meus filhos, morreria de tristeza se trocassem nosso lar, que eu cuido com tanto carinho, pelas ruas e praças nas quais a morte vive à espreita. Sair de casa, - tudo bem se casaram ou foram trabalhar em outra cidade - somente se for para conquistar sua independência, jamais para serem escravos das desgraças do mundo. 

Na verdade, não dá para imaginar que se torne banal, como nunca antes se viu, que crianças e jovens vivam ao relento, a ponto de não se fazer nada, ou quase nada, pior ainda, recriminar quem o faz acusando de ferir o direito à liberdade.

Que liberdade se encontra na sarjeta, meu Deus?
Esse tipo de pensamento nos lança no campo do absurdo.

Se mesmo assim falhassem todas as tentativas de oferecer o melhor dos mundos e outro caminho fosse o escolhido, talvez seria eu que tivesse que mudar. Esperamos, nesses casos, que os filhos deem alguns passos de volta a um novo começo, mas será que teriam forças sozinhos? Decidir mudar pode significar um passo em direção a esses filhos.

Não teria que esperar que tudo estivesse bem para celebrar um possível retorno, mas poderia festejar cada instante de aproximação, sem estabelecer condições, apenas confiar no reencontro e preparar meu coração para receber de volta filhos diferentes daqueles que viviam comigo antes da infeliz jornada.

Ah, se fosse tão fácil!
Imagino o sofrimento do Pai, como é difícil apenas esperar que voltemos para casa e Ele espera por todos nós.

(Agradeço a Deus os filhos que tenho, mas isso não diminui a angústia de ver tantos filhos no fundo do poço. Os que acham bacana entrar nessa vida deveriam conhecer a realidade que os aguarda).

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