O projeto para o metrô da Linha 1 em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro utiliza alta tecnologia nas escavações do túnel com o tatuzão, considerado o máximo em termos de engenharia para este tipo de obra.
No entanto, embora paradoxal, o governo fez a opção de construir a Estação N. Sra. da Paz em metodologia de vala aberta que implicará em diversos transtornos para a população - fechamento da praça, barulho, poeira e sobretudo a destruição e descaracterização de um bem tombado, a Praça N. Sra. da Paz, inegável valor ambiental, cultural , histórico etc.
O impacto no ambiente, na variada fauna e na sustentabilidade do bairro também serão severos. Árvores quase centenárias serão retiradas sem nenhuma garantia que resistirão a posterior plantio. Substituídas por mudas, levarão mais outros cem anos para chegarem à exuberância atual.
Causa perplexidade e espanto os motivos que levaram o Governo do Estado ter optado por método tão predatório se na mesma obra vai usar tecnologia de ponta.
Com o enorme crescimento das cidades, se faz cada vez mais premente o uso de seus subsolos para obras de infra estrutura.
Sendo impossível, e também não desejável, destruir o patrimônio cultural, arquitetônico, histórico, social e ambiental dos quais as cidades são guardiãs, a opção mais avançada em engenharia é a obra no método subterrâneo que não alcança a superfície.
Dessa forma os transtornos são mínimos para a população e a preservação fica totalmente garantida.
É completamente fora de propósito que a obra do metrô venha com o tatuzão escavando o túnel pela Rua Barão da Torre, e quando chega à Praça N. Sra. da Paz, bem tombado e que deveria estar na prioridade máxima de preservação por parte autoridades, o avanço todo para, e voltamos à idade da pedra em termos de engenharia usando técnicas que foram eficientes nos anos 60, mas que hoje são consideradas totalmente ultrapassadas.
Se existe tecnologia por que não utilizá-la?
É a memória da cidade que está em questão, assim como a obediência à legislação em vigor uma vez que a praça é um bem tombado.
Uma sociedade sem memória não é capaz de aprender com a sua experiência histórica e encontrar soluções criativas e inovadoras para seus problemas.
Ignez Barretto – coordenadora do Projeto de Segurança de Ipanema
Leia a íntegra em No Rio, a destruição de um bem tombado
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